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sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Uma histόria de Louvor

Padre Gilberto Maria Defina, sjs
(Fundador da Fraternidade Jesus Salvador)

Às vezes ou muito constantemente me vejo simplesmente maravilhado pela maneira como Deus quis manifestar a Obra Salvista por meio do Padre Gilberto. Não tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, não toquei ou beijei suas mãos, não participei de Missas com ele, suas homilias também não escutei e não chorei a sua morte naquele Dezembro de 2004, porém, eu também tenho uma história com o Padre Gilberto e essa se chama Louvor de Deus. 
Tudo o que hoje contemplamos e reconhecemos como fruto da nossa Obra Salvista, fui a custo do sacrifício dele, da fé, da coragem e generosidade com as quais ele abraçou o Projeto de Deus. Eu sou muito grato a este homem, por tudo o que ele fez por mim e por todos os meus irmãos salvistas, minha vida simplesmente é chamada a ser uma continuidade no Carisma que um dia ele abraçou como Vontade de Deus para a FJS.

Sabemos que o nosso conhecimento, de um modo geral, possui algo de muito subjetivo, ou seja, eu toco (de algum modo) naquilo que estou conhecendo, faço a experiência, assimilo e tomo como “existente” aquilo que se torna parte de mim. 
Acredito que no caminho vocacional é bem diferente, porque, ao falar de conhecimento de um carisma, nos deparamos com o “auto-conhecimento”. Não estamos conhecendo somente algo que está fora de nós mas dentro também. Em meus quatro anos e meio como seminarista religioso, eu posso afirmar que esse longo caminho é de mão dupla, onde, ao mesmo tempo em que eu conheço o carisma, estou me conhecendo e, olhando tantas e tantas vezes para a minha história pessoal, na Luz do Espírito, descubro sinais do Louvor de Deus. Se me identifico totalmente a um determinado carisma, de modo que, não só a nível de conveniência mas de doação, de participação, vejo que ele é uma resposta de Deus para a minha vida, concluo que, vivendo-o estou me realizando como homem, como ser humano, como filho de Deus.

Lembro-me de um professor de Filosofia que, numa de nossas aulas, disse que não nos passaria informações ou opiniões e sim “conhecimento” e por isso, necessariamente, nós deveríamos fazer o mesmo percurso dialético até o fim. Esse é o trabalho do Mestre: conduzir os seus discípulos como filhos, para que esses não vivam de receitas prontas, mas saibam caminhar. Assim fez Jesus com seus Apóstolos, com gestos, palavras, palavras repletas de sentido e vida. Assim nos fez Padre Gilberto! Para nós salvistas, o exemplo já nos foi dado.

Um homem dependente de Deus, dócil, firme e generoso. Ele, de espiritualidade profunda, nos ensinou que o Louvor de Deus não é euforia, mas antes, portadora de fecundidade. Quando os salvistas não tinham muito, pastorais, padres, quando não esperavam muito de nós, ele acreditou, dependeu, esperou, sofreu, deu a vida, profetizou sem medo que nós iríamos pelo mundo anunciando a Salvação, esta Fé o fez um grande semeador que lançou pelo campo do mundo sementes que, a seu tempo, dariam frutos, trinta por um, sessenta por um, cem por um. E de fato deram muito frutos!

No entanto, ao ler essas linhas, poderíamos pensar no Padre Gilberto como um homem vigoroso e forte e que fato ele o era, porém, ele viveu, uma grande parte de sua vida, em meio a grandes doenças, uma das quais o levou a morte; era um homem debilitado, em vários aspectos; já nos ultimos anos de sua vida estava numa cadeira de rodas, sentindo dores horríveis, carregando sua cruz sem jamais pronunciar uma única palavra de murmuração, abraçando-a por amor a Jesus. Em todos esses momentos, Padre Gilberto nos ensinava como deve ser o salvista hoje. E aqui nos deparamos com o Mistério da Cruz do Senhor. Sou grato a ele, muito grato, pelo sim, pelo amor com que ele suportou tudo, por meio dele encontrei o meu lugar, encontrei a minha casa.

Não existem riquezas que possam superar o terouro escondido na Cruz, é um verdadeiro brilho que ofusca os olhos de nossa razão, é o meio por onde nos sentimos um com outros, por meio da qual aprendemos que amar é dar a vida pelo outro, um amar simples e verdadeiro. O Esposo de nossas almas na cruz por nós, mostrou que o Amor não tem fim e nem mesmo a morte pode vencê-lo. Padre Gilberto cantou este hino com a vida e nos ensinou que o Louvor não pode acabar. O salvista deve declarar para o mundo que Amor venceu a morte por meio dos seus louvores. Para nós que hoje levamos a nossa cruz, podemos nos achar indignos de tamanha graça e incapazes de descrever esse profundo mistério de Amor e cantar também nós o nossos louvores, no entanto se aprendermos as belas e profundas lições do nosso fundador e transformá-las em vida responderemos também nós ao Senhor: “Sim, Senhor, eu posso descrever o teu Amor, pois eu aprendi a viver para o Louvor. O Louvor nos ensina a viver para o Amor e do Amor.

Uma história de Louvor
Frater Luiz Francisco, sjs e Fernando
* * *
Como descrever o teu Amor, Senhor
como decifrar uma história de Louvor?
Que na Cruz se fez Salvação por mim,
nem a morte viu desse Amor o fim!

Nem as riquezas poderão superar
o tesouro escondido na Cruz
O seu brilho ofuscou-me o olhar,
mas sua grandeza me ensinou amar.

Eu posso descrever o teu Amor, Senhor,
Pois eu sei viver para o teu Louvor.
Abracei a Cruz, viverei assim
nem a morte vai separar-me de Ti.
* * *

(Seminário Nossa Senhora de Pentecostes – 16 de Outubro de 2012)



Fraternalmente!
Frater Luiz Francisco, sjs

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