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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O Poço - Juninho Cassimiro



Coisa de Deus é o nosso ministério, muito mais elevado quando colocado em prática no serviço dos irmãos.

A Experiência da Misericórdia nos impele a louvar


A experiência do ser humano com a Misericórdia está profundamente ligada com a experiência do Louvor de Deus – o Louvor, entendido como a própria ação de Deus no homem.
Nós salvistas, como membros de um Carisma que possui o fim de promover no homem a experiência da Salvação, sabemos que nossa consagração é um verdadeiro serviço à humanidade, mas também sabemos que é um serviço que proclama que, nós mesmos fomos alcançados por Ele, fomos tirados de onde estávamos e fomos imersos no Mistério da Salvação em Jesus, que é o Rosto Misericordioso do Pai. É esta experiência que proclamamos com nossos louvores e com nossa consagração.


Neste ano a Igreja é convidada a mergulhar ainda mais nesta experiência, para que o seu Louvor seja ainda mais verdadeiro e profundo. Podemos aprender muito desta experiência. Papa Francisco dizia, em uma de suas homilias, que a Misericórdia está no centro das ações de Jesus, que manifestam o modo com Deus acolhe, perdoa e ama o ser humano. Basta olharmos para tantos personagens bíblicos e vermos que, em Jesus, Deus que lança um olhar misericordioso para Levi, que ama e perdoa Maria Madalena, que vai à casa de Zaqueu, que chora a morte de seu amigo Lázaro, que se senta a beira de um poço e pede água a uma mulher samaritana, falando de sua sede, que se deixa cercar pelas criancinhas, lavando os pés dos discípulos, dando-se na Eucaristia, e amando a todos até a morte e morte de Cruz. Sim, a linguagem de Deus é a Misericórdia.

Se fizermos memória podemos também nós descrever, como nos textos sagrados, o modo como Ele veio até nós, o modo como nos atraiu, deixando-nos perplexos com a eleição que nos fez, do modo como nos perdoou, a forma indizível como nos fez o chamado vocacional, dando sentido à nossa história, apostando em nós, assumindo todos os riscos por nós. Podemos elencar uma a uma as maravilhas de Deus na nossa história, repetindo sempre com a alegria e exultação “Eterna é a sua Misericórdia!”, assim como nos ensina o Salmo 136. Quando fazemos esta anamnese, o primeiro fruto deste exercício é a gratidão, e a gratidão está no centro do nosso louvor. Somos gratos a Deus por tudo o que fez em nossa vida e em nossa história, pelo modo como a Providência Divina dispõe de tudo e tudo conduz para o nosso bem. Recebemos tudo de graça, sem qualquer merecimento e não nos resta senão que louvá-lo por tudo e em tudo.

O segundo fruto é a humildade. Infelizmente somos condicionados a ter o controle das situações, respostas imediatas; no nosso orgulho, queremos e gostamos de ter sempre algo a oferecer aos outros e não queremos jamais depender, receber sem merecimento, porque é uma atitude que mostra vulnerabilidade, pobreza. Queremos sempre ter uma moeda no bolso a pagar pelo favor que nos é feito por outro. Fazer a experiência da Misericórdia é saber que teremos sempre os bolsos vazios diante de Deus, e até mesmo o nosso Louvor não lhe acrescenta nada, somente lhe devolve aquilo que lhe é de direito. Somente os pobres e pequenos saberão o que é o verdadeiro louvor.

Por fim, o terceiro fruto é a capacidade de amar. Fazendo a experiência com a Misericórdia, aprendemos a olhar o homem como Deus o vê. Um olhar que é muito mais profundo do que o nosso. Nós vemos as misérias e facilmente reduzimos o homem a tantas coisas, aqui sempre cairemos na injustiça. Sair de si não é outra coisa que olhar o outro de frente e nunca de cima, com superioridade, ao mesmo tempo em que nunca lhe cobraremos nada, o amor não faz de ninguém devedor de nada. O bem do outro se torna importante para nós, e nunca os elogios, o nosso maior bem é Glória de Deus e esta se encontra no homem. Hoje em dia, se cria uma séria necessidade no mundo de relacionamentos de troca, e isso será sempre um problema para nós. Para Deus não existe “trocas”, tampouco no relacionamento com as pessoas, que se diga genuinamente cristão. O amor para com Deus e para com o próximo é um amor de “correspondência”, onde a comunhão nos faz partilhar aquilo que temos de mais precioso e que não teríamos não nos fosse dado por Ele. Desejo e rezo para que este ano renovemos essa experiência.
A Ele, cuja Misericórdia se renova a cada manhã, todo nosso Louvor e Adoração. Assim seja.




No Louvor!
Frater Luiz Francisco, sjs