“Senhor, tu me lavas os pés?” Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”. Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!”
(João
13, 6-8)
Meus
irmãos,
Nesta Quinta-feira Santa, Nosso Senhor institui o Sacramento
da Eucaristia, o Sacramento do Amor, e junto com ele, o Sacramento da
Ordem. A Eucaristia, o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor é, como aprendemos, o memorial da Nova e Eterna
Aliança e esse é, sem dúvida o aspecto mais importante da Liturgia
de hoje.
Mas,
eu quero propor a vocês um outro aspecto presente no Evangelho de
hoje, talvez mais discreto mas que também é, sem dúvida, muito
importante, que é o momento do lava-pés.
Hoje,
o Evangelho chama a nossa atenção para o gesto de Jesus que lava os
pés dos seus discípulos, deixando um testamento, com as suas
palavras e o seu exemplo, pelo qual nós devemos fazer o mesmo aos
nossos irmãos. Não estamos repetindo um rito vazio, mas, sejamos
sensíveis aos gestos de Jesus hoje que se tornam «sacramento»,
isto é, visibilidade, linguagem simbólica de uma única realidade que é
o AMOR do PAI em JESUS CRISTO por cada um de nós.
Jesus,
enquanto lava os pés dos discípulos, ao chegar em Pedro, este não
aceita o gesto do Mestre e o considera como algo inadmissível:“Tu
nunca me lavarás os pés!”. Queridos, a atitude de Pedro
nos ajuda neste retiro a entender, pouco a pouco que, para nós
mesmos, é muito difícil receber, muito difícil. Para nós é mais
prazeroso e nos sentimos bem doando, em oferecer ajuda a quem
necessita, em sermos fortes e generosos, em termos palavras de
consolo para os outros…
Esta é a nossa natureza: queremos ser
pessoas úteis e ativas, por isso, não damos o braço a torcer,
encontrar-se em necessidade é sair da “ação” para “recepção”,
sair do estado de “controle” para o estado de “dependência”.
Embora nos pareça difícil, este é o caminho da nossa maturidade.
Este
é o processo de uma criança, por exemplo, que, sendo pequena, não
pode senão depender dos seus pais e de outros, mas este depender é
muito importante porque somente recebendo e dependendo dos seus pais,
é que a criança chega à maturidade, saindo de si para ir ao
encontro do outro. A criança sai de uma postura de “recepção”
e vai, pouco a pouco, para a postura de “oblação”, vai
aprendendo a amar.
Quando
não recebemos o amor que precisamos na nossa infância, quando não
recebemos tudo de que necessitamos, quando aprendemos a nos virar,
podem brotar duas posturas disso:
1) A primeira quando nos tornamos rígidos, achamos que não merecemos o amor, porque não tivemos quem nos amasse e nos desse o que precisávamos, dizemos “eu me bastei a mim mesmo” e levamos uma vida de fechamento, só de pensar em depender de alguém reavivamos a nossa dor e lembrança do vazio deixado por outros. É uma postura que se enquadra no comportamento de Pedro, “Senhor, tu nunca me lavarás os pés!”
1) A primeira quando nos tornamos rígidos, achamos que não merecemos o amor, porque não tivemos quem nos amasse e nos desse o que precisávamos, dizemos “eu me bastei a mim mesmo” e levamos uma vida de fechamento, só de pensar em depender de alguém reavivamos a nossa dor e lembrança do vazio deixado por outros. É uma postura que se enquadra no comportamento de Pedro, “Senhor, tu nunca me lavarás os pés!”
2) A segunda postura é a da criança que não foi amada de maneira que a ajudasse
no processo de seu crescimento e quando é adulta, continua sendo uma
eterna criança, exigindo que outros supram as suas carências, não
se contenta com coisas pequenas… de novo a postura de Pedro quando
diz, “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também
as mãos e a cabeça”. É não confiar no amor dado por quem
está do nosso lado. Qualquer atitude em favor de outra pessoa se
torna, tão somente, uma busca de si mesmo. É uma pessoa capaz de
grandes coisas para suprir a si mesma.
As
duas posturas impedem a doação de si numa relação de amor, a
pessoa nunca entenderá que para amar é necessário abaixar-se,
fazer-se pequeno, e estar aberto a receber, a depender. Maduro é
quem sabe que possui algo, porque depende de algo. Não se sentirá
humilhada a pessoa que, se abaixando, sabe que possui algo, e que não
lhe falta nada. Não nos falta o Amor de que necessitamos. Se
compreendermos isso, “seremos felizes se o praticarmos”.
Frater Luiz Francisco, sjs
Louvados sejam Jesus e Maria!